segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Lendas de Guerra - A unificação dos Reinos - Capítulo VIII

- Capítulo VIII –


Acampamento das arqueiras dos bosques, alugares por entre as enormes florestas de Jak, três semanas depois…
Alexis treinava o seu equilíbrio empoleirado numa árvore, por vezes a visita desagradável daquela dor profunda na sua perna visitava-o com o frio. Tentava superar as suas fraquezas, estar acima das suas cicatrizes, uma devoção tão forte que perturbava Rave. O assassino procurava a todo o custo mantê-lo fora da guerra. Mas a guerra estava a caminhar na direcção deles como a fúria de uma tempestade.
Rave estendia o seu olhar por entre a multidão de todas as idades, entregues aos seus afazeres numa disciplina impressionante. A luta pela sobrevivência daquele povo transmitia resultados perfeitos. As arqueiras eram realmente extraordinárias na arte do arco, tinham superado as suas expectativas, no entanto um pouco débeis na arte da espada. Do seu ponto de vista um soldado teria de ser perfeito, algo que colocou em prática de ensino da melhor forma que pode. As notícias da guerra informavam que Vallars estava a avançar em duas frentes distintas, o que complicava muito mais a possibilidade da unificação dos reinos do norte, uma vez que cada qual teria de defender as suas terras. Pelo Este Anglus continuava a devastar aldeias e vilas, cobrando o juramento de lealdade ao rei a todos os povos do norte, quem negasse seria acusado de traição sobre pena de morte. No entanto enfrentava agora uma força rebelde que atrasava arduamente o seu caminho até Essin. Os rebeldes lideravam os seus ataques durante a noite em vagas sucessivas refugiando-se em seguida nos terrenos selvagens, mas Anglus estava determinado a tomar o tempo que fosse preciso.
Pelo oeste notícias chegavam do exímio guerreiro, Lorde Malcom sobrinho do rei que liderava os seus exércitos exibindo a sua armadura dourada. Uma pequena fracção de camponeses e caçadores que se impôs teria sido esmagada ao longo da semana. Marchavam agora livremente rumo aos bosques de Jak, o tenebroso terreno que os separava de Hazindor.
Kombalin era o destino mais complicado de Vallars, até o momento o seu envolvimento na guerra era um mistério. Rave não confiava neles, na frente da facção estava um enorme gigante, cheio de tatuagens do rosto aos pés que lhe dava uma aparência medonha e duvidosa. No entanto era o único selvagem que possuía um cérebro decente e fazia uso dele, dizia Rave. Se havia algo que o líder de Kombalin não tinha, era ignorância, mas muito menos seria possuidor de compaixão. O seu envolvimento teria algum interesse, o qual permanecia um mistério.
- Recebi agora a mensagem, o sobrinho do rei estará nas fronteiras de Jak dentro de três dias, estimasse com um exército de sete mil de infantaria, perto de quinhentos arqueiros, apenas alguns cavaleiros. – Comenta Lorya Cay ao se dirigir a Rave.
- Sim, cavaleiros neste terreno seriam inúteis. Eles esperam que a batalha termine com as arqueiras a refugiarem-se nos bosques. Os bosques são terrenos perigosos para se percorrer numa montada. As armaduras serão pesadas e espessas. Escudos compridos de metro e meio para a frente da batalha, redondos para a traseira onde conservam os soldados mais habilidosos e rápidos. As flechas vão ser inúteis para travá-los, eles não cometem o mesmo erro duas vezes. Vamos arriscar uma batalha em campo aberto.
- Achas que podemos vencer?
- Não… Mas podemos atrasar o avanço deles. Pelo menos até os teus amigos selvagens chegarem, se é que viram mesmo.
- Eles não fazem uso ao conceito de pontualidade. Mas temos que acreditar que eles virão, ele deu-me a palavra dele.
- Acreditar não vence batalhas. Manda um mensageiro tentar interceptá-los para termos uma ideia do tempo que temos.
- Está certo. – Assentiu Lorya prontamente.
As forças de Jak eram na maioria mulheres, estimava-se um número de duas mil arqueiras prontas para combater. Entre os povos espalhados pelas vilas que contornavam a fronteira de Jak, Rave teria conseguido recrutar cerca de trezentos homens capazes de lutar, na maioria ex-soldados e jovens infectados de medo. Provavelmente cederiam todos face ao inimigo, prevalecia apenas a inspiração na coragem do homem que tinham à sua frente. O assassino mais perigoso à face da terra lutava agora por todos eles.

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