segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Lendas de Guerra - A unificação dos Reinos - Capítulo VI


- Capítulo VI –




A Fortaleza de Hazindor estendia-se sobre as montanhas do enorme desfiladeiro onde diziam que terminava o mundo. Um mar gigantesco e misterioso se estendia pelo horizonte inalcançável, brilhante e poderoso. Rave subia a estrada estreita de pedra que o conduzia aos enormes portões da fortaleza, chamavam-lhe a terra dos sem pátria. Recordava lentamente o dia em que teria chegado até aos assassinos, uma criança assustada que teria visto a sua aldeia ser queimada e a sua família assassinada. Pela estrada teria sido capturado por aqueles homens de negro, os lendários assassinos de Hazindor. Um homem de rosto coberto analisava cada osso do seu corpo, se denotasse fragilidade, teria o morto sem qualquer remorso, mas o rapaz era forte, tinha um olhar vazio e frio, mas acima de todas essas qualidades não demonstrava qualquer medo.
Talvez por ver a sua história se repetir no rosto de Alexis se tenha movido de compaixão e o acolhido ao seu cuidado. Talvez também por conhecer tão bem o mal, o peso dos seus actos, apoiava fielmente o seu antigo Lorde. Procurava fazer as pazes com o seu passado, nas escolhas que não tinha conseguido contornar, e o seu caminho começava ali, na casa do seu inimigo, no princípio da sua jornada.
O novo lorde Kastus Erakis repousava sobre um tanque aquecido, aromatizado pelas pétalas das rosas que flutuavam delicadamente sobre as águas. Sentia-se tranquilo nos seus aposentos, na lendária fortaleza que vinte mil homens não teriam conseguido tomar. Mas subitamente a sua confiança se abateu quando Rave se apresentou calmamente diante de si.
- A esta altura já deves ter percebido que os sete homens que enviaste até mim estão mortos. Creio que pudemos passar esse assunto. – Comenta Rave.
- Deixa-me ir buscar a minha espada para que possamos lutar justamente.
- Não estou aqui para te matar seu rato miserável. Do que adianta? Colocariam outro idiota como tu no teu lugar, porque de idiotas o mundo está cheio, agora homens como o teu pai foi, esses são raros. Não percebes que o Drakon como muitos outros, estão a usar-te, para conseguirem a guerra que tanto sonham?
- O mundo inteiro está em guerra. Porque não estaríamos nós também? Deverei esperar que ela me bata à porta?
- Ela já nos bateu à porta no passado e sobrevivemos. Eu sei que o teu pai queria que eu liderasse os assassinos. Mas Hazindor não me interessa, nunca interessou, o meu único interesse é a paz. Tinha esperanças de te conseguir fazer ver que o caminho que escolheste não te trará qualquer benefício, apenas o sangue dos nossos irmãos.
- Porque te preocupas connosco? Mesmo depois de ter-te mandado matar? Este nem sequer é o teu verdadeiro povo.
- Eu estou-me nas tintas para ti e para a ordem. Apenas honro um pouco mais a memória de um velho as portas da morte, do que os seus próprios filhos. Eu escolhi o meu caminho e não me irei colocar no teu e nas escolhas que tomares. Mas se voltares a aproximar-te de mim ou do Alexis eu prometo-te que ofereço a tua cabeça num espeto ao rei Falcon.
- Não te preocupes, tenho outras prioridades, segue o teu caminho em paz… irmão!
- Não percas o teu tempo a perseguir-me agora. Conheço estas terras melhor do que tu… e esta é pelo teu pai.
Antes que Kastus tivesse tempo de responder Rave atinge-o violentamente com o cabo da sua espada partindo-lhe o nariz e deixando-o inconsciente entre as rosas.
Rave partiu sem entender o que teria feito, pelo caminho a raiva que o consumiu dava-lhe uma plena certeza que iria assassinar Kastus Erakis entre outros. Mas a viagem apaziguou o seu propósito, pagando sangue com sangue nunca lhe traria paz, apenas alimentaria o monstro adormecido dentro de si.

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