quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Lendas de Guerra – A unificação dos Reinos - Capítulo I

- Capítulo I –



Existia um certo encanto no horizonte verde que se estendia ao longo dos vales de Hellian por quilómetros inalcançáveis aos olhos de Tom. Um mundo mágico teria permanecido no oculto até ao incontornável momento do adeus, onde o contemplaria apenas nas calorosas lembranças carregadas pela saudade.
Acariciava o dorso dos cavalos robustos de seu pai, dentro de momentos teria de escolher um deles para o acompanhar na sua jornada rumo ao serviço do rei. Aos dezassete anos de idade teria se aplicado ao máximo para atingir o posto de cavaleiro e honrar o nome da sua casa do mesmo modo que outros antes dele o fizeram. Mas no entanto os dias eram difíceis, dias como nunca antes teriam visto, dias de guerra e de um amanhã cinzento e sombrio. O seu futuro teria lhe sido arrancado e daquele dia em diante viveria cada dia como o último, aguardando a cada instante o fim do seu percurso.
O seu pai teria em tempos regressado, de cabelos grisalhos, vastas cicatrizes, mancando de uma perna e com um sorriso extinto. A guerra teria lhe levado tudo mas tinha preservado a sua vida para que recordasse os seus horrores, esta era esperança de Tom, regressar um dia apesar das consequências, mesmo que fosse na condição do resto de um homem, ele queria essa oportunidade de escolher por uma vez na vida o seu próprio percurso, de construir sonhos alcançáveis, de até mesmo um dia amar alguém.
- Toma conta de ti! – Comenta a sua mãe Elen entre um abraço reconfortante, o seu pai Ted um pouco menos afectuoso apenas colocou-lhe a mão sobre o ombro, sem dizer nada falou apenas com os olhos. Tom sorriu tentando demonstrar um pouco de coragem e seguiu juntamente com a escolta que o aguardava ao cimo do terreno. – Até um dia! – Grita ela sobre um aceno com o vento espalhando os seus cabelos castanhos pelo seu rosto jovem, desaparecendo por entre a colina do seu destino.

Pela estrada que os conduzia ao reino de Vallars, Tom contemplou com alegria a incorporação do seu amigo Ned, o jovem cavaleiro escoltado por soldados da guarda real juntava-se a um exército de cento e cinquenta cavaleiros que iriam jurar lealdade ao rei Falcon, e defender as fronteiras do reino dos reinos do norte. O mundo enfrentava a sua maior disputa por terra e poder que alguma vez tivesse sido relatada, pactos e alianças eram traçados num palco de ódios e traições tão antigos que ninguém recordava a sua origem.
A guerra teria gerado homens terríveis, lendas e cânticos que eram entoados nos momentos de batalha procurando incentivar os mais jovens. Tom observava no final da viagem o vasto exército que o aguardava sobre a muralha de Vallars, teriam cavalgado durante dois dias recolhendo jovens reforços por toda Hellian. Uma vez terminada a viagem estavam agora diante do rei para prestarem o devido juramento.

O enorme campo arenoso permanecia assombrado pelo silêncio dos milhares de jovens sobre a presença do homem de cabelos brancos que descia do seu trono exibindo a sua coroa sobre aquela multidão de servos dispostos a entregar as suas vidas à sua vontade.
- Sejam bem-vindos a Vallars soldados, todos aqueles que juram lealdade a mim rei Falcon, senhor e majestade de todo reino ajoelhem-se. – Perante a ordem do rei aquela multidão se ajoelhou sobre a areia de cabeças baixas e um rígido respeito. Satisfeito até ao momento o rei prosseguiu. – Cavaleiros! Jurais defender o reino e o vosso rei enquanto viverdes contra todos os seus inimigos? – Sobre um grito estridente a multidão fez se ouvir. – Eu juro! – Pelo vosso juramento, a vossa vida pertence ao reino, e este juramento não pode ser quebrado em vida. Ergam-se agora cavaleiros de Vallars. – Sobre um grito de guerra os jovens levantaram-se em euforia. Tom trocou um olhar com Ned que lhe acenou em alegria, tinham acabado de assinar as sentenças que poriam um fim as suas vidas num futuro próximo. A guerra que os aguardava era lutada por homens que teriam sido gerados ao som das lâminas e ao sabor do sangue, ao calor do fogo e ao tenebroso cheiro da morte.

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