quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Lendas de Guerra - A unificação dos Reinos - Capítulo II


 - Capítulo II –

Hazindor, fortaleza do Lorde Erakis dos reinos do norte…

Nostrus Erakis amanhecia morto no seu leito, o velho líder teria tentado corrigir o percurso sangrento que os seus antecessores teriam gerado durante os últimos séculos. Sem depositar a sua confiança nos seus dois filhos, uma carta teria sido enviada com uma ordenança de um novo Lorde, que pudesse garantir a paz entre os reinos, mas a carta nunca chegou ao seu destino e antes que o corpo de Nostrus arrefecesse, os dois irmãos gémeos disputavam a liderança do clã Erakis num duelo mortal diante do templo de pedra, elevado pela dinastia da família. Hazindor era o templo da ordem dos assassinos, guerreiros lendários, exímios na arte da espada e todas as lâminas. Os registos históricos descreviam uma batalha em que Vallars teria tentado tomar a fortaleza há duzentos anos atrás. Vinte mil soldados do reino do sul perderam a vida naqueles vales e montanhas que se estendiam por todo reino, nenhum deles conseguiu penetrar em Hazindor.
Os irmãos permaneciam imóveis sobre aquele palco de pedra de espadas leves e cortantes em punho sobre o silêncio aterrador e expectante dos seus generais e ministros. Sentiam o bater dos corações acelerado como um só som que se fundia numa marcha de emoções. Num movimento rápido avançaram em simultâneo embatendo as espadas num tilintar reluzente. Desferiam golpes de uma forma elegante e rápida, verdadeiros príncipes guerreiros em busca de um trono a qualquer preço.
Kastus estremeceu quando a lâmina da sua espada trespassou o corpo do seu irmão, sentiu a lâmina dentro si como se fosse a sua própria carne, numa agonia fria sem remorsos removeu a espada do corpo sem vida sobre uma saudação calorosa dos seus generais.
Horas mais tarde, o general Drakon que em tempos teria sido seu mentor entrava nos seus aposentos, um homem robusto de estatura alta e cabelo grisalho, entre cicatrizes e rugas transparecia o peso do tempo.
- Lord Erakis! A ordem foi dada, os assassinos confirmarão a morte de Rave Isakiel até o final do próximo dia, a ordenação estava destinada a um pequeno mosteiro junto aos bosques de Jak, com certeza é lá que ele se esconde.
- Ele foi o escolhido do meu pai para liderar, enquanto estiver vivo eu não me sentirei sossegado. Você compreende general, ele seria outro covarde como o meu pai foi. A grandeza de um povo não é contada pela perseverança da paz, mas sim pelo marco histórico das suas batalhas. O nosso povo dedicou os últimos dois mil anos à arte da guerra, de tal forma que somos os melhores do mundo a manifestar essa arte, não seremos mais mercadores de mercenários ao mandato dos outros reinos. Levaremos a nossa guerra a Vallars.
- Eu estarei do seu lado meu senhor, pela vida e pela morte.
Kastus mostrou satisfação perante o apoio dos seus conselheiros, guerreiros de todas as idades aguardavam ansiosos pelo retorno das batalhas. Kastus preenchia de uma forma perfeita o desejo que aguardavam. Um jovem soberano facilmente influenciável.

O dia amanhecia alugares entre os bosques de Jak, um veado pastava atento à natureza perigosa que envolvia os misteriosos bosques, como uma sombra invisível Rave movimentava-se por entre as árvores e arbustos. Os caçadores que se aventuravam pelos bosques usavam somente arcos e flechas, mas Rave apesar da enorme destreza que teria com o arco, era ainda melhor com as lâminas, avançava com as suas kukris, lâminas curvas pouco maiores que adagas. Os assassinos usavam-nas para degolarem os seus adversários surpreendendo-os por trás. Este seria o destino do veado, pouco mais de quinze metros os separavam por entre mato serrado. Rave escutava o pulsar do seu coração, tranquilo e sereno como se fosse o seu próprio. O animal não suspeitava da sua presença que se aproximava paciente num jogo em que raramente perdia. A lâmina passou como um relâmpago na escuridão, o animal não teve tempo de conhecer a causa da sua morte, desfalecendo rapidamente nos braços de Rave. Por entre os arbustos ao longe saltou uma figura que ia ganhando forma metro a metro. Um jovem dos seus treze anos aproximava-se radiante pelo triunfo do seu mentor.
- Consegui umas ervas aromáticas para o tempero! – Comenta ele num tom de orgulho exibindo-as na sua mão.
- Isso parece-me capim! – Comenta Rave num tom irónico. Antes que Alexis continuasse Rave interrompeu-o. – Procura lenha seca, faz mais falta que o tempero.
O mosteiro aguardava-os no fundo de um vale de árvores, pela paisagem verde cruzava-se um riacho selvagem que nascia por entre as montanhas onde terminavam os bosques de Jak. Parecia um terreno fácil para os assassinos penetrarem sorrateiramente e surpreende-los, mas Rave conhecia a sua casa, e antes que chegasse pousou o veado morto sobre a terra e desembainhou as suas espadas.

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