Prefácio
No ano de 2004
terminava assim a minha primeira grande obra literária, de nome “Águias de
Ferro” um livro que daria aproximadamente duzentas páginas com uma história
fantástica e emocionante carregada de ficção e acção. Com o passar do tempo e
com a maturidade que absorvi dos livros que me inspiravam, tornei-me um pouco
mais exigente comigo mesmo e a hipótese de publicar este livro transformou-se numa
ideia quase nula. Uma vez que as alterações teriam de passar pela estrutura,
pelo tipo de linguagem, no tempo que esse processo me tomaria poderia escrever
dois ou mais livros o que acabei no final por fazer.
O
conto “A sombra dos heróis” veio deste modo dar vida as essas personagens
esquecidas que deixei no fundo de uma gaveta e talvez um pouco de inspiração
para que um dia esse projecto tome um novo rumo e ganhe vida. Espero que
apreciem este pequeno número de páginas que estarão ao vosso dispor.
Um abraço do amigo e escritor
Joel Flor
Parte um
Matt não
conseguia mais distinguir o verão do inverno, a noite do dia, o destino teria
lhe dado a conhecer as estrelas que em criança tão fervorosamente venerava,
deleitando-se nas suas próprias histórias. No século XXII, cresceu ouvindo lendas
de uma guerra distante, que era travado no espaço entre a humanidade e uma nova
raça. Felizmente, até ao momento um confronto na Terra tinha sido evitado. Mas
a guerra permanecia e o seu fim não acenava para quem o procurava.
Matt
formou-se na academia militar. Com a idade de vinte e seis anos o seu primeiro
nome era tenente, despediu-se dos seus pais e da namorada Christine e partiu
para as estrelas. Após um ano no espaço, chegou a informação do paradeiro de um
coronel destemido que teria se perdido entre a guerra juntamente com a sua
elite, “A elite dos bravos” como era chamada, havia sinal de actividade num
planeta vermelho num sistema inactivo sem vida, o inimigo de nome Arakuness,
uma forma de vida inteligente e extraterrestre combatia outra forma de vida
desconhecida. No entanto os radares não detectavam seres humanos no planeta.
Não havia registo de confrontos internos entre Arakuness, eram diferentes dos
homens, lutavam por um propósito final, e agiam sobre um comando apenas. A
curiosidade dos líderes moveu o batalhão de Matt para o terrível destino
desconhecido, em busca de um guerreiro que por si só, poderia alterar o curso
da guerra.
O enorme vaivém
espacial aterrou sobre o planeta, um pelotão de quinhentos soldados emergiu do
interior ao comando do Capitão Raines, a guerra tinha sido travada até ao
momento a milhares de anos de luz da Terra nos últimos vinte anos. Raines um
soldado em fim de carreira tinha sido um dos poucos que teria visto um
Arakuness, o enorme exército humano teria sido quebrado por uma disputa de
colónias e só agora começavam a preparar-se para reivindicar os planetas do
sistema perdido. Da guerra restava apenas a lenda contada pelos poucos
sobreviventes. Os restantes quinhentos nunca teriam visto um inimigo e alguns
começavam até mesmo a duvidar da sua existência.
Todo o mistério
foi quebrado quando um grito aterrador emergiu entre os rochedos que se estendiam
por todo o horizonte, um enorme Arakuness despertou sobre aquele fecho de luz
vermelho que separava o céu da terra. Rapidamente ceifou seis vidas que não
tiveram tempo de ver a morte. Uma quantidade enorme de fogo foi descarregada
sobre aquele ser, quando o último tiro cessou o exército apercebeu-se que não
se acolheu no silêncio anterior. O chão tremia sobre a terrível marcha dos
Arakuness. Sem armas de fogo marchavam sobre os humanos com um único propósito,
eliminá-los a todos.
O pânico
momentâneo foi fatal, os extraterrestres cercaram-nos por todos os lados. Num
movimento inteligente quebraram as defesas e penetraram no coração do exército.
Raines não teve oportunidade de criar um raciocínio, tinha sido arrastado para
um confronto directo e desproporcional à
preparação dos seus soldados. Estava cada um por si contra uma força letal que
desconheciam. Os soldados tinham uma curta margem de tiro e estavam a morrer
rapidamente sem oportunidade de criar baixas no adversário que numa distância
curta era praticamente indestrutível.
Por cima da
colina o grupo de homens observava-os através de um binóculo…
- Os Arakuness estão em confrontos!
- Confrontos contra quem? – Questiona o coronel Scott a quem
procuravam durante todos aqueles anos.
Segurando os
binóculos um sentimento de espanto assoma-o…
- É impossível!!!
- O que se passa?
- Vejo bandeiras da
Aliança!
Numa altura em
que os seus soldados já preparavam canhões de longo alcance para quebrar a
investida dos Arakuness um grito urgente de Scott interrompeu-os…
- CESSEM FOGO!
Preparem-se para combate directo!
Os soldados
trocaram um olhar inquieto e surpreso de leves segundos e apressaram-se a
obedecer o coronel sem saber o que se passava. Scott montou sobre uma mota e
liderou a marcha do seu pequeno exército de trinta homens. Todos tinham um ar
marcado pela guerra. Tony era metade humano, metade robô, uma operação teria
poupado a sua vida após ter sido estilhaçado por uma explosão, teria o feito
mais forte do que antes, mesmo na distância que o afastava da humanidade, Scott
sabia que ele o seguiria até a morte.
Dum salto
elegante Scott libertou duas lâminas longas que teriam sido desenhadas e
projectadas somente para aquele propósito, caindo entre quatro Arakuness
eliminou-os em segundos. Os restantes soldados penetraram no coração da batalha
numa força letal. Matt estava estendido sobre o chão com um Arakuness colocando
a pata sobre o seu peito, a enorme garra da criatura estava encostada ao seu
pescoço pronto para o degolar. Antes que visse a sua vida expirar, o coronel
Scott passou por eles em velocidade e cortou a cabeça daquela criatura. Trocou
uma breve troca de olhares com o soldado e prosseguiu rapidamente contra a
frente dos Arakuness. Matt permanecia sentado no chão incrédulo e sem forças.
Teria crescido a ouvir as histórias de Scott e agora ali estava ele, no
primeiro encontro ainda lhe salvava a vida. Após breves minutos Scott cessava a
investida e num grito forte dava a ordem “RECON”, os soldados sabiam então que
estava terminado. Observando os sobreviventes de Raines, Scott pronunciasse…
- Quem é que está
no comando?
Por entre as
sombras coberto de sangue, mancando de uma perna que iria perder brevemente
Raines aproximou-se…
- Capitão Raines,
viemos de muito longe coronel, estamos aqui para levá-lo para casa.
- Só demoraram
quinze anos, estou pasmo!
- Não tínhamos
qualquer informação do seu paradeiro, o que lhe aconteceu?
- Foi nos dado a
ordem de guardar a estação espacial “New World” até que os reforços chegassem.
Eu não questiono as minhas ordens, no entanto os reforços nunca vieram e nós
fomos abandonados à morte. Depois de perdermos a estação a nossa nave
despenhou-se neste planeta ficando inutilizável, temos tentado sobreviver até
hoje, de tal forma que os Arakuness acabaram por perder o interesse.
Raines registava
toda aquela informação, incrédulo no que aquele pequeno número de soldados
teria feito. Teriam salvo 349 homens pela sua intervenção quando na verdade
eram eles que deveriam ser salvos.
Matt observava-os
um por um, teria visto o funeral de Scott nas televisões em que um caixão vazio
descia à sepultura sobre as lágrimas de uma esposa e um casal de crianças. O
dia em que o mundo chorou o único herói que havia conhecido. A guerra teria lhe tirado tudo, teria dado a
sua vida para a servir, mas mesmo assim na sua devoção a humanidade
abandonou-o. Observava cada um dos soldados, não havia vida nos seus olhares,
esperança ou qualquer sentimento. A estação New World tinha morrido com todos
eles.
Havia uma certa
energia que rondava aquele planeta, o ar era pesado e segundo o médico de
serviço, um homem não sobreviveria mais do que duas semanas inalando aquele
oxigénio contaminado, não havia sinal de existência de água, muito menos de
qualquer fonte de alimento. Quinze anos eram muito tempo para qualquer homem
resistir de uma forma impossível. Cada elemento que rodeava Matt tornava aquele
momento mais misterioso e difícil de decifrar.
A noite desceu
rapidamente de um momento para o outro, Raines e Scott conversavam em
particular nos aposentos do coronel dentro do pequeno acampamento. Os soldados
já se teriam recolhido no vaivém aguardando impacientemente partirem daquele
mundo amaldiçoado. Matt observava o céu vermelho, pensou que fosse onde quer
que estivesse o céu seria sempre o mesmo, no entanto ali estava ele,
contemplando outro universo completamente distinto, tão longe de casa e de tudo
o que tinha conhecido. O Capitão saiu da tenda do coronel indiferente. Scott
saiu em seguida aproximando-se de Tony o cyborg.
- O que vamos
fazer? – Questiona Tony na sua voz metálica.
- Não temos
qualquer propósito aqui, esperámos todos os dias por essa nave. Agora que ela
veio só nos resta partir.
- Não sei, acho
que não me enquadro muito no perfil de um habitante da Terra.
- Lembra-te que
os teus amigos estão contigo, não te abandonei antes, não será gora também. O
que outros dizem e pensam pouco importa. Prometi que vos levaria todos para
casa um dia, ninguém fica para trás.
- Então e a
guerra?
- Nunca estivemos
destinados a vencer. Lutarei no dia que ela bater a minha porta, no meu
planeta. Não voltarei a procurá-la nos confins do universo.
Aquele cyborg
permaneceu em silêncio, não demonstrava emoções, apenas assentiu em
concordância.
Matt teria sido
instruído para inspeccionar o campo de batalha uma última vez antes de
partirem. Em busca de itens e armas que não convinham estar ao dispor dos
Arakuness, caminhando lentamente entre aqueles corpos, denotou que os soldados
humanos tinham desaparecido, excepto um que estava de pé observando o
horizonte. Permanecia imóvel e emotivo, Matt aproximou-se rapidamente dele
assustado perguntou-lhe o nome e o soldado respondeu calmamente…
- Sargento Hank,
tenente.
- O que aconteceu
sargento? Porque não seguiu as tropas como foi indicado a todos?
- O que aconteceu
aqui tenente está para lá de qualquer explicação que eu lhe possa dar. Eu senti
a lâmina trespassar o meu coração, senti a vida expirar no meu último fôlego.
Existe qualquer coisa neste mundo que nos impede de discernir o real do
impossível. Não sei se estou a sonhar, ou se estamos mesmo vivos.
Matt mantinha-se
atónito e incrédulo aproximando-se do soldado segurou-lhe no pulso na esperança
de lhe dizer “Se tens pulso é porque estás vivo soldado, agora vem que tens
algumas explicações a dar.” Mas tal não aconteceu, um calafrio arrebatou o seu
corpo quando procurou o pulso de Hank e não o encontrou.
Parte dois
Matt apressou-se
ao alcance do vaivém sem saber ao certo o que iria fazer ou que relatório iria
transmitir a Raines. De uma coisa estava certo. Nunca deveriam ter pisado
aquele planeta.
Segurou Raines
pelo braço forçando-o à sua atenção, Raines devolveu-lhe um olhar preocupante…
- O que se passa?
- Existe algo de
errado aqui. Os corpos na colina desapareceram todos… e temos um soldado
caminhando sem pulso, que supostamente teria sido dado como morto a algumas
horas atrás.
- Isso não faz
qualquer sentido Matt. Onde é que está esse soldado?
- O que não faz
qualquer sentido é os homens de Scott terem permanecido vivos neste mundo
durante quinze anos. Não faz sentido o Scott ter cinquenta anos e aparentar trinta.
- Qual é a tua
teoria sobre isto?
- Eles nunca
sobreviveram há batalha de New World, Raines. Este planeta é um planeta que dá
vida a quem já não a tem. Esta energia estranha que sentimos mas não
conseguimos ver alimenta a imagem daquilo que um dia fomos.
- Talvez alimente
apenas a ilusão daquilo que esperamos ver.
- Isto não é uma
ilusão. É real!
- Vamos conversar
com ele então, com o Scott.
- Não acredito
que isso seja prudente. Ele pode saber e pode ternos ocultado até ao momento, o
coronel pode ser mais perigoso do que alguma vez imaginámos.
- Perigoso ou não,
ele salvou-te a vida, devias estar um pouco mais grato por isso.
Matt silenciou-se
sobre o peso daquelas palavras, no entanto não sabia qual seria as
consequências de nada fazer. Não sabia até que ponto poderiam ou não estar
envolvidos os Arakuness naquele fenómeno sobrenatural. Mas ele tinha de ter a
certeza que o Scott estava vivo ou não. Tinha treinado a sua vida inteira para
chegar até ele, não ia fracassar por falta de evidências. Ignorou o Raines e
aproximou-se do compartimento onde Scott estava reunido com os seus homens,
entrando sem se anunciar foi surpreendido por uma enorme lâmina encostada ao
seu pescoço. Tony observava-o friamente desprovido de qualquer emoção.
- Consigo ouvir o
teu coração acelerado daqui. O que te traz a nós? – Questiona Tony.
- Quero falar
com o coronel.
- O coronel está
ocupado, vais ter a viagem toda para falares com ele.
- Talvez não.
Scott levantou o
seu olhar perante a audácia do jovem Matt…
- Deixa-o Tony,
esperem todos lá fora…
Os soldados
saíram sem questionar deixando-o a sós com Matt. Sem grandes cerimónias Scott
questionou-o…
- O que passa
tenente?
- Algo permanece
na minha mente como uma agulha que me atinge o entendimento, cada vez que me
questiono pelo facto de vocês estarem vivos. Ao fim de todo este tempo.
- Onde é que
queres chegar? A Aliança gastou milhões a ensinar-me a sobreviver, talvez
simplesmente tenham tido sucesso.
- Quando foi a
última vez que escutaste o bater do teu coração?
Scott olhou-o
atónito e confuso, não fazia ideia das intenções de Matt que se surpreendeu a
si mesmo também…
- Tu não fazias
ideia pois não?
- Ideia do quê?
Matt aproximou-se
de Scott colocando-lhe a mão sobre o peito.
- Que a muito que
o teu coração parou de bater.
Scott desviou o
seu olhar pensativo tentando remexer no seu passado, estava confuso com tudo
aquilo que lhe fazia sentido de uma forma assustadora.
- É impossível!
- Depois de tudo
aquilo que pessoas como nós viram, simplesmente recuso-me a acreditar em tal
palavra. A minha pergunta agora é: quais são as vossas intenções?
Scott permaneceu
em silêncio observando o seu compartimento, tinha um pouco dele em cada canto.
O seu coração estava dividido pela saudade de um mundo de uma família que se
mantinha numa imagem turva e da vida que se mantinha presente, dos homens que o
acompanhavam pela vida e pela morte, e pelo elo que havia superado a morte.
- Vocês não têm
nada a temer de mim e dos meus soldados, nós vamos partir com vocês, se a tua
teoria for verdadeira, supostamente é este mundo que nos mantém vivos. Se o
abandonarmos supostamente algo deverá também acontecer.
- Está certo, não
digo que confio naquilo em que te tornaste, mas confio no passado que deixaste
para trás, naquilo que um dia foste. A tua família também confia.
Matt remove do
seu bolso uma fotografia que carregava o rosto da esposa de Scott, o filho e a
filha. Scott comoveu-se de imediato ao reconhecê-los…
- Eles cresceram
tanto!
- A tua mulher
esteve no teu funeral, mas sempre acreditou que um dia voltarias a entrar pela
porta de casa como se nada tivesse acontecido. No dia em que embarquei ela
entregou-me essa foto, para que tivesses a fazer o que quer que fosse,
largasses tudo e voltasses para os seus braços.
As lágrimas
desciam lentamente a face de Scott percorrendo a sua pela marcada como a
corrente de um rio, o seu olhar vazio pronunciava o resto da sua humanidade e
da vida que o mantinha vivo. Era um homem forte e destemido, cujo universo
poderia ser abalado somente através do amor que se mantinha aceso numa vela
quase extinta.
Soaram os alarmes
através da planície que ecoava como um som morto. Scott e Matt precipitaram-se
para o exterior da tenda. No horizonte a marcha dos Arakuness persistia em que
nenhum deles saísse vivo daquele planeta.
Raines não se
preocupou em preparar uma defesa, encaminhou todos para o Vaivém, ninguém mais
iria morrer naquele lugar, este eram os seus planos. No entanto os Arakuness
estavam determinados a cumprir o objectivo que tinham traçado. Scott avançou
com os seus soldados atingindo a primeira frente que os alcançava dando algum
tempo aos restantes que terminassem a evacuação. Quatro longos minutos foram
suficientes para colocar todos a salvo na nave. Raines gritou para Scott que
recuasse com os seus homens, não havia mais necessidade de se arriscarem, o
mesmo olhando o hesitante concordou de seguida. Alcançaram a nave em segundos
sendo seguidos por centenas que se transformavam em milhares. Dentro do vaivém
dois Arakuness que conseguiram alcançá-los foram eliminados rapidamente por
dois tiros de Matt que sorriu satisfeito por ter conseguido abater um
extraterrestre na sua aventura no espaço. A nave começou a erguer-se do chão
cobrindo o terreno de fumo e pó. Uma vez na cabine de armas os soldados não
hesitaram em começar a esbanjar um mar de fogo sobre os Arakuness no terreno.
Raines respirou
fundo ao notar que estavam todos a salvo e que a missão teria sido cumprida com
êxito, lentamente a nave alcançava a atmosfera. Matt despedia-se sobre a imagem
do planeta vermelho que se afastava lentamente através de uma janela.
Subitamente a sua
atenção despertou para um fenómeno inesperado, mas no entanto aguardado sem que
soubesse as consequências da sua natureza. Ao fundo num compartimento os
soldados assustados teriam abandonado a sala em pânico permanecendo apenas
Scott e os seus soldados. Matt percorreu o corredor passando por vários
soldados que cruzavam com ele assustados.
Ao entrar naquela
sala Scott comunicava pelo rádio para que Raines interrompesse o voo, algo
teria acontecido. Matt caminhava lentamente atónito ao que os seus olhos
contemplavam, de uma forma assustadora e irreal. Scott permanecia como uma
imagem projectada sobre uma parede, uma luz transparecia da sua imagem, não
estava mais na condição de carne e osso, de um simples mortal. Os seus homens
de igual modo eram como fantasmas sobre a forma humana. Observavam-no agora
calmos e serenos.
- Tinhas razão. –
Comentava Scott…
- O que tencionas
fazer agora?
- Não podemos
deixar este mundo, apenas existimos nele.
- Farei com
existam sempre nas nossas memórias, por tudo o que fizeram e pelo sacrifício
que tomaram. Lamento que termine assim.
- Não te
preocupes, vamos ficar bem. Diz a minha família que os amo muito. Que sempre
irei visita-los nos seus sonhos.
- Assim farei.
Obrigado por tudo Scott.
A nave permaneceu
sobrevoando o planeta, Scott deu instrução que um dos portões fosse aberto. Os
trinta soldados mergulharam em queda livre flutuando sobre o céu como sóis que
se desprendiam como estrelas cadentes de um quadro pintado à mão. A determinada
altura os corpos ganharam cor e vida e começaram a cair em velocidade sobre o
campo de batalha. Scott soltou as suas armas e aterrou cortando um Arakuness ao
meio. O vaivém proporcionou-lhe cobertura aérea e a elite de soldados mais uma
vez derrubou os alienígenas em poucos minutos. Quando tudo terminou Scott
ergueu o seu olhar para a nave e acenou em forma de despedida.
A Nave
desapareceu como uma luz que se extinguia no infinito do espaço. Scott trocou
um olhar por todos os guerreiros. Mantinham-se frios e sobre controlo como as
máquinas que tinham sido ensinados a ser.
- Lamento mas não
vou conseguir manter a minha promessa. Nós nunca sairemos deste lugar. Esta é a
nossa maldição.
Na linha do horizonte emergia um exército de duzentos
soldados, o sargento Hank vinha na frente aproximando-se deles.
- Sargento Hank
apresentasse ao seu serviço coronel. Ensine-nos a matar Arakuness e o seguiremos
para onde quer que nos leve.
- Creio que
existe um motivo muito maior que a teoria de um planeta amaldiçoado para
estarmos vivos. Nenhum de nós voltará a ver a Terra, no entanto no que depender
de nós nenhum Arakuness a verá também. Não seremos mais heróis perdidos na
nossa sombra. De hoje em diante seremos a Legião dos mortos. Que a nossa lenda
nos siga até aos confins do tempo.
- Os soldados
assentiram em concordância. Iriam manter os Arakuness entretidos por um tempo
indeterminado.
Entretanto Matt
estava de novo entregue aos silêncio das estrelas. Ia a caminho de casa, da sua
namorada e dos seus pais que o aguardavam do jeito que o viram partir. No
entanto ele voltaria mudado. Tudo o que tinha sentido e presenciado tinham-no
transformado e parte daquela energia tinha regressado com ele. Desejava sobre
todas as coisas que Scott e os seus homens encontrassem a paz que os permitisse
encontrar o descanso eterno. Não imaginava que os seus caminhos poderiam se
cruzar novamente um dia, mas o propósito de Scott, era maior que a vida e a
morte, que o possível e o impossível, e o descanso que Matt lhe teria desejado estava
decididamente fora dos seus planos.
Cara, esse post é de levantar um defunto, e eu quase não li, mas fui me envolvendo, tô cansadíssima, mas valeu por me "ligar*...agora durmo, em paz!
ResponderExcluirBeiju Mery*))
Olá! Obrigado por me brindar mais uma vez com a sua presença! Espero que não tenha sonhado com o conto, rsrs! Beijos :)
ResponderExcluirTem um pouco da magia do Espírito Selvagem nesse conto. Gostei bastante!
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